quinta-feira, maio 19, 2005

Pobre comandante…

Desta janela eu vejo um comandante azul!

C
O
M
A
N
D
A
N
T
E

E
M

A
Z
U
L
!

Pobre comandante…
Pobre…
Pobre…
Pobre…

Porque o azul não é uma cor de comandante! O negro é! O negro é…
E o castanho…
E o verde…
Mas azul?
Só podem estar a brincar! Então e a dignidade do comandante? Então o suave torpor negro, castanho ou verde de uma voz de comando, dura, negra, castanha ou verde?

Pobre comandante, sem soldados de chumbo, cinzentos, crianças envelhecidas que odeiam a morte e por isso matam a vida, uma vida sem ais, uma vida sem melancolias… pobre comandante azul, em azul, azuis do céu, azuis do mar, azuis dos olhos, azuis de mil pedras preciosas, águas marinhas roubadas, encastoadas em oiros solarengos, que brilham em mãos vermelhas de rubis e sangue da vida e da morte de tantos outros soldados, crianças envelhecidas que odeiam a morte e por isso matam a vida…

Pobre comandante, carniceiro, talhante, levas soldados, crianças envelhecidas, como cordeiros, como anhos brancos em Páscoas celebrantes e ensaias nos relvados de um cemitério, cerimónias de uma floresta verde, mágica, do tempo dos génios e dos espíritos das pedras e das árvores. E tu oficiante, azul, mas pobre negro pássaro, arrancas os corações aos anhos brancos de Páscoas celebrantes, regurgitando pecados e sentidos talhados pelos cotovelos…

Pobre comandante…
Comandante azul!
Comandante em azul!
Pobre…
Pobre…
Pobre…

Para a Carla d'Almeida Lopes


site meter