A Fábula da Cinderela Urbana – Uma História sem Moral
A Cinderela sonhava
Vir um dia a ser Cinderela
O príncipe sonhava
Vir um dia a ser príncipe
Ambos sonhavam
Casar!
Ela de branco, ele de fraque
Ambos sonhavam
Ter carro, vermelho da cor do rubi,
Casa em Massamá
Três elevadores,
Aspirador na parede
(para limpar o pó ao fraque)
Ambos sonhavam
Férias em Benidorm e Porto Galinhas
Farras no Algarve
Idas a Fátima
(para limpar o pó à alma)
Cinderela conheceu o príncipe
Numa sapataria!
Beijaram-se
E acordaram de um sonho lindo!
Faz já muito tempo
Que o aspirador está avariado
(aspira-lhes as almas…)
“Talvez um sapo, talvez um sapo…”
Pobre Cinderela, essa é outra fábula,
Nem sapo, nem cavaleiro de brilhante armadura!
Só a casa em Massamá
Com três elevadores
E o carro cor de rubi…
Cinderela
Conheceu o príncipe numa sapataria…
Beijaram-se e um dia casaram:
Ela de branco, ele de fraque!
(Hoje, o carro cor de rubi, foi substituído por outro, cinzento metálico, tecto de abrir automático, jantes especiais, airbags, sistema de som o mais moderno possível… lindo, lindo, lindo…)
E viveram felizes para sempre!
Amadora (Venteira), 9 de Junho de 2005
3 Comments:
sofá de pele pago em suaves prestações!
Roupa de marca como se impõe!
Bujigangas e outras tangas!
E muitos, muitos cartões de plástico, para tudo o que lhes apetecer!!!!
E assim viveram
Felizes,contentes e CALADOS( não convém pôr em risco os seus empregozinhos de merda )
Num andar de massamá, com o seu carro cinza metálico.
Gostei muito do teu poema, ironicamente incisivo.
Um abraço,
Cecília
Gostei mesmo muito. retrato do cidadão médio e de como os sonhos são engolidos pela felicidade social-democrata.
parabéns
Até um dia em que só se vendam carros cinzentos metálicos e aí...
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