sexta-feira, maio 20, 2005

Ontem voltou o poeta

Ontem voltou o poeta.
Trazia consigo novos caminhos, iluminados pelo Sol.
Num saco o dia, noutro a noite.
Trazia coisas de maravilhar.
Coisas e loisas, bricabraques brilhantes.
Ontem veio cá o poeta.
Trazia um traje de homem do mar, de rebentadas ondas, crisântemos e raminhos de cheiro.
Trazia coisas lindas.
Trouxe também o mar.
E uma saqueta de sal.
E ao ombro uma enxada e uma faca de enxertar.
E disse que eram aquelas as suas ferramentas.
Com elas escrevia, lavrando no coiro suado, tudo o que queria.
Ontem esteve cá o poeta.
Trazia consigo o filho.
Eras tu?
Ontem voltou o poeta.
À luz da vela embalou crianças que dormiram ao luar.
Gostava de ser o poeta.
Trazer-te histórias de encantar.
Gostava de ser o poeta.
À luz da lua cantar.
Cantar rimas velhas num mundo novo.
E não chorar.
Gostava de ser ave e voar.
Subir ao céu e planar.
Ontem voltou o poeta.
Deixou lembranças, esperanças...







Amadora, 7 de Fevereiro de 1990


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