terça-feira, agosto 09, 2005

Espreitar o futuro


Pai, deixa-me ver um pouco do meu futuro!
Para a frente podemos sempre,
Só para trás nos transformamos em estátuas de sal.
Deixa-me espreitar por entre as grades do tempo
Deixa-me olhar
Deixa-me ver um mundo melhor
Deixa-me sonhar
Porque este presente escorrega-me entre os dedos,
Encortiça-me os lábios,
É sal!

(Porque estão a roubar o futuro aos nossos filhos?)

quarta-feira, agosto 03, 2005

As palavras ficaram presas

As palavras ficaram presas
Não as consigo soltar.
Sinto-as, palpo-as,
Encastoadas em garras doiradas
Como pássaros em gaiolas de aço
Gemem as palavras…
Gritam!

Seriam tremendas, se estivessem soltas!
As palavras…

Como vergastas!
As palavras…

Como punhais, cravados em gargantas!
As palavras…

Como espinhos de roseira, arrancando a pele dos incautos!
As palavras…

Soltem-nas!
As palavras!


Amadora (Venteira)
03.08.05


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